Por que os carros do futuro devem ser programados para matar

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Por que os carros do futuro devem ser programados para matar



Os testes com os carros autônomos estão ocorrendo cada vez mais frequentemente, e não deve demorar muito tempo para que esses veículos realmente se tornem realidade.
Entre as principais vantagens dos carros que se dirigem sozinhos, podemos listar o controle inteligente, o ato de estacionar em espaços pequenos com facilidade, evitar congestionamento, ultrapassagem de veículos com maior segurança etc.
Esses automóveis permitirão que você não se atente tanto ao trânsito, podendo relaxar e aproveitar o tempo de locomoção para realizar outras tarefas, como trabalhar remotamente. Contudo, antes que os carros autônomos cheguem à sociedade, algumas questões morais e éticas precisam ser resolvidas. De acordo com reportagem do Technology Review, eles terão de ser programados para matar. Mas se acalme, já explicamos melhor o que isso quer dizer.
Pense do seguinte modo: como um carro deve ser programado para o momento em que sofrer um acidente? Ele deve calcular e minimizar as perdas de vidas, mesmo que isso signifique sacrificar os próprios ocupantes do veículo? Ou deve proteger quem está no carro a todo custo, independente das pessoas ou dos automóveis que estejam ao redor? Essas escolhas extremas devem ser calculadas ou definidas aleatoriamente?
Para tentar responder a essas perguntas, é preciso entender o impacto que os carros autônomos terão na sociedade. Afinal de contas, quem compraria um automóvel que está programado para sacrificar o próprio dono em caso de acidente? Esses questionamentos não têm respostas por enquanto, porém é bastante provável que a opinião popular desempenhe um papel significativo na hora de decidir o que é correto ou errado.

Qual é a melhor decisão?

Imagine o seguinte cenário: vamos supor que você possui um carro autônomo e, infelizmente, um evento drástico faz com que você vá em direção a um grupo de dez pessoas que estão atravessando a rua. O carro não consegue parar a tempo, porém pode evitar o atropelamento delas ao se jogar em um muro. Essa colisão vai matar você, o dono do carro, mas os dez pedestres sairão vivos. O que fazer?
Minimizar a perda de vidas é um modo de pensar, e seguindo essa lógica chegamos à conclusão de que matar um indivíduo é melhor do que matar dez. Contudo, esse tipo de abordagem pode trazer consequências indesejáveis. Se menos consumidores comprarem carros autônomos porque eles são programados para sacrificar os seus donos em casos extremos, é provável que mais pessoas morram em acidentes de trânsito com automóveis comuns – e então caímos em um cenário paradoxal.
Carro autônomo conceitual da Mercedes-Benz
Um dos grandes atrativos dos carros autônomos é justamente a segurança que eles, supostamente, vão oferecer aos seus donos e ao trânsito geral. Se esse ponto for posto de lado em prol de outras situações, é provável que bastante gente deixe de considerá-los atraentes. O pesquisador francês Jean-François Bonnefon obteve, em conjunto com outros especialistas, alguns dados interessantes sobre esse dilema de um futuro tão próximo.

Todos a favor, mas ninguém quer estar no carro

Ao entrevistar pessoas diferentes sobre o que elas prefeririam (o carro se sacrificar em prol de outras vidas ou proteger o dono a todo custo), respostas bem variadas foram dadas. Primeiramente, situações distintas foram apresentadas aos entrevistados: o número de pedestres que seriam salvos, se eles próprios estariam no carro autônomo etc.
De acordo com Jean-François, os resultados foram interessantes, apesar de previsíveis. De modo geral, as pessoas concordam que os veículos devem ser programados para priorizar o menor número possível de vítimas, mesmo que isso signifique o sacrifício de quem está dentro do automóvel. Contudo, elas querem que outros indivíduos façam a transição do veículo comum para o inteligente.
As pessoas são a favor de automóveis que sacrificam o ocupante para salvar outras vidas, desde que elas não estejam dentro de um desses carros – e então caímos em mais um paradoxo. Se ninguém quer ser o primeiro, como começar? Os questionamentos não terminam por aí (e parece que não vão acabar tão cedo), já que outros assuntos também podem ser levantados.
Se houver crianças no veículo, o sistema deve tomar uma decisão diferente? Quem escolhe essas opções morais: o motorista ou a fabricante? Esses tópicos não podem ser ignorados (especialmente se milhões de carros se tornarem inteligentes nos próximos anos), por isso teremos muitos assuntos para discutir até o lançamento dos automóveis autônomos.
         

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