As duas plataformas Linux mais bem-sucedidas do mundo passarão a disputar o mesmo espaço e a aposta da Canonical pode fazer barulho.
Ubuntu Phone pode incomodar os concorrentes? (Fonte da imagem: Divulgação/Site Oficial)
O ano de 2013 começou quente para os amantes de Linux e em especial para aqueles que preferem o Ubuntu, a mais famosa das distribuições do sistema operacional livre. A inglesa Canonical, responsável pela distro, anunciou uma versão portátil do SO, fazendo dele assim o primeiro do mundo a oferecer a mesma experiência de uso em smartphones, tablets e televisores.
E a ideia de integração, de oferecer a mesma experiência de uso, inclusive com a mesma interface e as mesmas funcionalidades, em vários dispositivos é uma das principais apostas da companhia britânica. Mas, em meio a toda a euforia de um dos grandes anúncios deste inÃcio de ano, fica a pergunta: o Ubuntu Phone tem alguma chance contra o Android?
O sistema da Google já tem um concorrente de peso, o iOS, e outros nomes se apresentam como candidatos a ameaça à soberania do Adndroid, como o comentado Windows Phone e até mesmo o calouro BlackBerry 10 — e poderÃamos incluir ainda na lista outros sistemas, como os ainda inéditos e open source Firefox OS e Tizen.
O Ubuntu Phone ainda está longe de seu lançamento e apenas em março quem tiver um Galaxy Nexus poderá testá-lo um pouco mais a fundo. De qualquer forma, com base nas informações já divulgadas sobre o sistema, é possÃvel esboçar um panorama do que vem por aà na versão portátil da plataforma de Linux mais usada nos PCs.
Desconfiança: o inimigo de toda estreia
Se você nunca utilizou o Ubuntu em seu computador, é provável também que você esteja receoso em adquirir um aparelho com a versão portátil do sistema. Isso significa que, se toda estreia já é cercada de desconfiança no mundo da tecnologia, o Ubuntu Phone pode enfrentar a resistência que muitos usuários ainda têm de utilizar um Linux.
Por outro lado, o Ubuntu Phone pode pegar carona no sucesso do Android, uma plataforma Linux que ajudou a desmistificar a ideia de que este sistema “é difÃcil de usar”. Além disso, o uso e o funcionamento de um sistema operacional de um tablet ou smartphone se dá de forma um pouco diferente do que em um computador pessoal, outra “vantagem” para quem se bateu um pouco ao trocar o Windows pelo Ubuntu no PC.
Sempre atualizado
O Android é atualizado de tempos em tempos, mas as novidades não chegam ao mesmo tempo para todos os aparelhos. Mesmo aqueles com hardware compatÃvel com as novas versões do sistema da Google acabam ficando fora dos planos de atualização, que acabam tendo como filtro também as fabricantes dos dispositivos.
Shuttleworth apontou que a ideia do Ubuntu Phone é oferecer pequenas atualizações em perÃodos curtos de tempo. Os amantes das novidades (ou seja, praticamente todo mundo que exige um pouco mais de seus gadgets) não precisarão esperar muito para ter o último Ubuntu em seu smartphone.
Além disso, Jono Bacon, gerente de comunidade da Canonical, informou também que o Ubuntu Phone não vai seguir a mesma linha de atualização da versão para desktop, pois cada dispositivo demanda detalhes exclusivos para aproveitar melhor o hardware oferecido.
Uma vastidão de aplicativos
Conforme a Zdnet, o sistema portátil da Canonical usa a mesma estrutura do Linux para PC, ou seja, a vastidão de apps que você pode usar atualmente no Ubuntu instalado no computador também estará disponÃvel para o smartphone. É claro que alguns ajustes quanto à interface gráfica serão necessários, mas essas adaptações demandam muito menos trabalho do que o desenvolvimento de toda uma nova versão.
Canonical disponibiliza kit para adaptação de apps para a versão portátil do Ubuntu. (Fonte da imagem: Reprodução/Site Oficial)
Para tornar esse processo ainda mais simples, Bacon afirma que a Canonical vai disponibilizar aos programadores um kit de ferramentas no formato QML (Qt Meta Language) para desenvolvimento. Assim como o OpenGL e o HTML5, o suporte para QML será nativo nos portáteis com Ubuntu.
Do mais simples ao mais poderoso
Segundo Bacon, o sistema portátil da Canonical será focado em dois segmentos: aparelhos de alto e de baixo rendimento. A ideia é não deixar nenhum tipo de usuário sem novidades, sempre adaptando o sistema àquilo que o hardware permite, mas contemplando todos com atualizações.
Unity: beleza e funcionalidade
(Fonte da imagem: Divulgação/Site Oficial)
A interface do Ubuntu Phone será a mesma, com a mesma barra lateral para reunir os apps favoritos e o mesmo dash para encontrar tudo o que você precisa. Como ficou claro nos vÃdeos de apresentação do sistema, nenhum botão fÃsico fica à mostra e você desliza a tela para acessar os vários menus presentes no SO, uma das principais diferenças entre ele e o os concorrentes.
Construção colaborativa
A companhia divulgou um comunicado aos desenvolvedores de todo o mundo que já trabalham no desenvolvimento do sistema para a criação dos “core apps”, ou seja, os aplicativos principais (como agenda, telefone, galera e por aà vai).
Essa pode ser outra solução importante para a consolidação do aparelho, pois garantiria o desenvolvimento dinâmico do sistema, complementando a ideia das atualizações constantes já citadas por Shuttleworth.
E o futuro?
As impressões de quem já colocou as mãos em um modelo com o Ubuntu na CES 2013 foram boas e, de forma geral, a crÃtica especializada (inclusive nós, do Tecmundo) recebeu bem a novidade.
É claro que a disputa é árdua, mas, ao que tudo indica, o Ubuntu Phone reúne elementos suficientes para entrar na disputa. É impossÃvel afirmar que ele vai “desbancar” o Android ou mesmo que o sistema da Canonical tem condições de ameaçar as trajetórias de sucesso do SO da Google ou do iOS. Mas se olhamos as ambições do Ubuntu Phone, pode-se dizer que ele não vem para ser apenas mais um.
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