SerĂĄ que vamos virar escravos de nossa tecnologia e enfrentar uma rebeliĂŁo das mĂĄquinas?
Os roteiristas de Hollywood podem até ter imaginação muito fértil, mas se existe algo que eles sempre abordam, que tem fundamento e ainda que pode se tornar realidade são as ideias sobre o futuro da humanidade e da tecnologia.
Em diversos filmes, vimos computadores superinteligentes ganhando autonomia de raciocĂnio, mĂĄquinas muito avançadas acabando com os propĂłsitos da humanidade e robĂŽs se rebelando contra os humanos.
Talvez tudo nĂŁo passe de pura ficção, mas o avanço acelerado das tecnologias vem causando preocupação. As notĂcias mais recentes dizem que os computadores jĂĄ podem realizar 1% do trabalho de um cĂ©rebro humano.
(Fonte da imagem: Reprodução/Mashable)
Pensando nessa evolução frenética, resolvemos montar este artigo para mostrar os reais perigos que a tecnologia pode oferecer. à importante salientar que todas as questÔes aqui abordadas são apenas suposiçÔes, afinal não podemos prever o futuro.
A tecnologia de hoje
Antes de entrarmos nas questĂ”es sobre inteligĂȘncia artificial, vamos falar um pouco sobre as tecnologias que utilizamos atualmente. Abaixo, vamos mostrar algumas diferenças de perspectiva que geralmente nos impedem de enxergar o quadro maior.
Quer ver um exemplo? NĂłs, meros mortais, consideramos que os maiores avanços na computação se restringem a PCs de alto desempenho dotados de capacidades para rodar games de Ășltima geração. Vai dizer que vocĂȘ nĂŁo usa Crysis como parĂąmetro para determinar se uma mĂĄquina Ă© poderosa?
No måximo, pensamos em configuraçÔes avançadas para servidores ou para rodar alguns softwares de animação, engenharia e pesquisas avançadas. Nossa mente não vai muito além, afinal são os assuntos aos quais estamos habituados.
As grandes corporaçÔes mundiais (incluindo muitas empresas privadas, a NASA, os governos de diversos paĂses) pensam, projetam e usam computadores capazes de realizar “zilhĂ”es” de cĂĄlculos por segundo e buscam formas de tornĂĄ-los mais inteligentes e autĂŽnomos. Os propĂłsitos sĂŁo os mais variados possĂveis: cura do cĂąncer, desenvolvimento de bombas atĂŽmicas, melhoria de tecnologias aeroespacial e assim por diante.
Tecnologia avançada? (Fonte da imagem: Reprodução/Samsung)
Pois Ă©, estamos acostumados com um mundo de tecnologia bem restrito que foca sempre em novos lançamentos de smartphones, tablets, video games, processadores, placas de vĂdeo, carros e por aĂ vai. Pensamos que a tecnologia estĂĄ apenas em eletrĂŽnicos, serviços da web e outros elementos Ășteis em nosso cotidiano. Acontece que o futuro pode ser bem diferente.
1. A mĂĄquina substitui o ser humano
Em teoria, as tecnologias deveriam servir para ajudar os humanos ao eliminar o trabalho excessivo, auxiliar em algumas atividades e, com isso, garantir mais horas de lazer. Na prĂĄtica, isso realmente acontece, mas nĂŁo da forma que esperĂĄvamos.
NĂŁo sĂŁo poucas as situaçÔes em que a tecnologia foi tĂŁo eficaz que conseguiu substituir completamente o homem. AlĂ©m de garantir agilidade na produção, as mĂĄquinas sĂŁo capazes de trabalhar com o mĂnimo de falhas e prejuĂzos.
MĂĄquinas nĂŁo precisam de descanso (desde que operem dentro do programado para nĂŁo sobreaquecer), pagamento, fĂ©rias, tratamento especial, alimentação, transporte e outros tantos benefĂcios que sĂŁo concedidos aos humanos.
Ă justamente por isso que cada vez mais ĂĄreas estĂŁo substituindo a mĂŁo de obra humana pela robĂłtica. Na construção de automĂłveis, por exemplo, a assistĂȘncia de uma pessoa sĂł Ă© necessĂĄria quando nĂŁo existe uma mĂĄquina prĂłpria para determinada tarefa.
Até mesmo na årea de atendimento as måquinas estão cada vez mais presentes. Quer exemplos? Primeiro, surgiram måquinas automåticas para vender refrigerantes. Depois, vieram måquinas capazes de liberar sua passagem na hora de pegar o Înibus.
(Fonte da imagem: Reprodução/Associated Press)
Essas mĂĄquinas poderĂŁo substituir os humanos em diversos outros cargos. Manufatura, venda, atendimento e outros tantos trabalhos repetitivos serĂŁo realizados apenas por robĂŽs, sendo que o humano serĂĄ apenas o auxiliar — assumindo um dos papĂ©is que deveria ser desenvolvido pela tecnologia.
AliĂĄs, nĂŁo precisamos nem esperar o futuro para ver a invasĂŁo de tecnologia. Recentemente, publicamos notĂcias sobre robĂŽs capazes de tirar sangue, realizar microcirurgias, pintar quadros, jogar video game, criar jogos, dirigir, servir refeiçÔes e muito mais.
2. O computador toma decisĂ”es por vocĂȘ
Deixando essa coisa de mĂĄquinas de produção e de comĂ©rcio de lado, podemos pensar em atividades do nosso cotidiano. As tecnologias na web e na computação vĂȘm evoluindo diariamente, algo que vocĂȘ aceita tranquilamente, aproveita e nunca reclama.
Muitas vezes, noticiamos que uma ou outra empresa (Google, Microsoft e semelhantes) liberou uma nova funcionalidade para determinado serviço. Geralmente, a ideia dessas novidades é facilitar nossas buscas, navegação e outras atividades.
Por ora, as tecnologias sĂŁo inteligentes o suficiente para nos agregar facilidades sem nos restringir de nossa liberdade de utilização. Ao usar o Google, por exemplo, vocĂȘ pode conferir algumas sugestĂ”es de buscas que visam corrigir possĂveis erros de digitação.
Outra polĂȘmica diz respeito Ă filtragem de mensagens no Facebook. Com base em diversos algoritmos, a rede social filtra quais postagens sĂŁo importantes e as coloca no topo. O objetivo Ă© garantir que vocĂȘ veja aquela informação que todos estĂŁo comentando e curtindo, mas isso acaba privando o usuĂĄrio de ver outras publicaçÔes, ou seja, o site decide por vocĂȘ.
A ideia por trĂĄs desses programas (e serviços) de computador e celulares Ă© que vocĂȘ tenha cada vez menos trabalho, afinal, a tecnologia Ă© dotada de inteligĂȘncia para encontrar o que Ă© melhor para vocĂȘ, poupar seu tempo, evitar o desperdĂcio de energia e outros tantos benefĂcios.
VocĂȘ pode pensar que estamos exagerando, mas pense no caso dos carros que podem dirigir sem a intervenção humana. Por ora, eles ainda estĂŁo em fases iniciais, mas em breve eles farĂŁo parte de nosso cotidiano. O objetivo Ă© evitar acidentes e garantir mais agilidade no transporte. Na prĂĄtica, teremos computadores inteligentes tomando decisĂ”es por nĂłs.
A tendĂȘncia Ă© que cada vez mais os computadores tomem decisĂ”es por nĂłs e manipulem informaçÔes com base na inteligĂȘncia artificial. Tais alteraçÔes devem acontecer aos poucos — e sempre com a melhor das intençÔes — e quando vocĂȘ perceber, sua rotina estarĂĄ condicionada a uma sĂ©rie de decisĂ”es realizadas por mĂĄquinas.
3. Pensando como os humanos
Com os pontos abordados acima, vocĂȘ deve estar pensando que estamos malucos, afinal, as mĂĄquinas sĂŁo limitadas por programas criados por humanos e elas jamais terĂŁo a capacidade de pensar que nĂłs temos. AlĂ©m disso, vocĂȘ deve estar pensando que o homem nĂŁo quer um ser superior a ele, visto que isso poderia levar a sua extinção.
Tudo isso Ă© verdade, exceto pelo fato de “jamais terĂŁo a capacidade de pensar que nĂłs temos”. Primeiro, devemos refletir um pouco sobre as habilidades de um computador. A estrutura de pensamento dele Ă© bem voltada para cĂĄlculos matemĂĄticos e tarefas que nĂŁo exigem a tomada de decisĂ”es prĂłprias.
Apesar de ter algumas limitaçÔes, o potencial de um processador Ă© extremamente avançado para aquilo que ele estĂĄ programado. Se vocĂȘ der alguns cĂĄlculos para o computador, ele retornarĂĄ os resultados em poucos segundos. Enquanto isso, nĂłs, humanos, demoramos muito tempo para finalizar uma simples equação que exija algumas dezenas de operaçÔes.
Agora, vamos pensar na questão de fornecer um cérebro humano para as måquinas. Ainda que os cientistas e pesquisadores não queiram desenvolver måquinas mais inteligentes que os humanos, isso acontecerå uma hora ou outra, até porque eles querem! Essa frase parece contraditória, mas nós vamos explicar.
A ideia dos pesquisadores nĂŁo Ă© criar uma mĂĄquina que possa superar a inteligĂȘncia humana, mas o desenvolvimento de um computador capaz de pensar como nosso cĂ©rebro poderia levar a um futuro ainda melhor — ao menos Ă© o que eles acham —, pois terĂamos tecnologia que faz mais do que apenas o bĂĄsico e entenderĂamos melhor nosso prĂłprio cĂ©rebro.
Aos poucos temos feito progresso em direção a este futuro brilhante. Recentemente, publicamos uma notĂcia relatando que um supercomputador foi capaz de realizar 1% do trabalho do cĂ©rebro humano. No ano passado, um software de computador foi capaz de superar o QI de uma pessoa.
Segundo Markus Diesmann, professor da Universidade Julich (na Alemanha), a tendĂȘncia Ă© que na prĂłxima dĂ©cada os computadores consigam imitar quase 100% do cĂ©rebro humano. Podemos dizer que as mĂĄquinas terĂŁo um potencial muito acima do nosso, pois, alĂ©m das incrĂveis capacidades matemĂĄticas, elas imitarĂŁo nosso cĂ©rebro de forma perfeita.
4. Ganhando vida prĂłpria
Mesmo que os computadores ganhem inteligĂȘncia em um nĂvel sem precedentes, isso nĂŁo quer dizer que eles vĂŁo dominar os humanos, afinal eles ainda estarĂŁo confinados em grandes salas e deverĂŁo realizar atividades ordenadas por homens e mulheres.
O problema existe quando essas mĂĄquinas gigantescas forem reduzidas e começarem a ser embutidas em robĂŽs. Nesse caso, podemos ter dois tipos de futuro: um bom (como o do filme “O Homem BicentenĂĄrio”) e outro ruim (como o do filme “Eu, RobĂŽ”).
A ideia de criar robĂŽs que possam nos auxiliar no dia a dia Ă© perfeitamente aceitĂĄvel, afinal trata-se uma tecnologia como outra qualquer. Ocorre que, com a inteligĂȘncia artificial em um nĂvel avançado, essa vida prĂłpria para robĂŽs pode nĂŁo ser tĂŁo amigĂĄvel.
Entretanto, antes de chegar a esse nĂvel avançado de tecnologia, que talvez sĂł ocorra na metade do sĂ©culo, devemos notar que outros tipos de tecnologia podem ganhar vida prĂłpria sem necessitar de muita inteligĂȘncia.
Pense na questĂŁo das tecnologias militares. Ainda que os Estados Unidos afirmem que seus robĂŽs militares nĂŁo tĂȘm autonomia para atuar sozinhos no campo de batalha, nĂŁo podemos ter certeza de que outras naçÔes (ou atĂ© mesmo que os EUA) nĂŁo estejam desenvolvendo armas capazes de analisar imagens e sensores para atacar humanos inimigos.
Algo que entra em contradição aqui é a aeronave X-47B. Esse avião de guerra desenvolvido pela força aérea norte-americana não precisa de piloto. à a arma perfeita para enviar para qualquer lugar para reconhecimento de território e, quem sabe, até mesmo para ataque.
5. Singularidade
Assim como engenheiros que trabalham no avanço da inteligĂȘncia dos computadores, Kurzweil prevĂȘ que na metade da dĂ©cada de 2020 teremos total compreensĂŁo sobre o cĂ©rebro humano (com o uso da engenharia reversa) e isso nos permitirĂĄ criar mĂĄquinas perfeitas.
Em teoria, depois de evoluir tanto, as mĂĄquinas ganhariam capacidades para desenvolver criatividade, raciocĂnio e inteligĂȘncia superiores Ă s caracterĂsticas dos humanos. Segundo Raymond Kurzweil, um dos precursores que elaborou diversos estudos sobre a singularidade, a humanidade como conhecemos deve acabar em 2045.
Para Kurzweil, a singularidade — o momento em que as mĂĄquinas vĂŁo nos dominar — nĂŁo Ă© apenas inevitĂĄvel, mas Ă© iminente. Se levarmos em conta os avanços na ĂĄrea da robĂłtica e a lei de Moore (que sugere o dobro de transistores nos processadores a cada 18 meses), de fato, podemos esperar que, em duas ou trĂȘs dĂ©cadas, robĂŽs vĂŁo perambular entre nĂłs.
Antes disso, porĂ©m, vamos aceitar tudo sem qualquer hesitação, visto que a robĂłtica nos permitirĂĄ estender nossas vidas. ĂrgĂŁos artificias, curas impossĂveis, implantes e cirurgias diversas vĂŁo unir mĂĄquina e homem. Seres hĂbridos, humanos e robĂŽs dividirĂŁo o mesmo espaço.
Claro, a princĂpio, junto com a chegada dos robĂŽs terĂamos as famosas leis da robĂłtica de Isaac Asimov:
1ÂȘ) Um robĂŽ nĂŁo pode ferir um ser humano ou, por omissĂŁo, permitir que um ser humano sofra algum mal.
2ÂȘ) Um robĂŽ deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.
3ÂȘ) Um robĂŽ deve proteger sua prĂłpria existĂȘncia desde que tal proteção nĂŁo entre em conflito com a Primeira e/ou a Segunda Lei.
Essas leis impediriam que os robÎs representassem qualquer ameaça para nós, mas, na pråtica, sabemos que nem tudo funciona bem assim. Muitos protótipos e estudos podem acontecer longe de nossas vistas e nunca saberemos se um robÎ é do bem ou do mal. Parece trama de filme de ficção, mas pode perfeitamente ser parte do futuro.
Por ora, temos muitas teorias sobre a singularidade, porém não temos qualquer confirmação de que vamos chegar a esse estågio, afinal, mesmo que a suposição de Kurzweil esteja correta, temos mais de 30 anos pela frente, nos quais podemos ter muitas alteraçÔes de acontecimentos nas diversas åreas da tecnologia.
Todos esses acontecimentos podem ser freados ao longo dos anos e talvez nem sequer vejamos um robĂŽ com inteligĂȘncia humana, mas, como nĂŁo temos como prever o futuro, vale ir se preparando e tentando viver a vida sem evitar fazer as coisas que somente humanos podem fazer.
Se um dia formos realmente dependentes de måquinas e robÎs, acabaremos aceitando a situação, mas vamos esperar que não nos tornemos escravos da tecnologia ou que ela acabe nos sobrepujando.
Em um futuro nĂŁo muito distante
Se um dia formos realmente dependentes de måquinas e robÎs, acabaremos aceitando a situação, mas vamos esperar que não nos tornemos escravos da tecnologia ou que ela acabe nos sobrepujando.
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