Pioneiro da web .br revela história dos 25 anos da Internet brasileira

Ticker

6/recent/ticker-posts

Header Ads Widget

Pioneiro da web .br revela história dos 25 anos da Internet brasileira

Em 2014, a Internet brasileira completa 25 anos. Foi mais exatamente no dia 18 de abril de 1989, data em que o domínio ".br" começou a ser usado, que tudo começou. Para lembrar a história da web no Brasil, o TechTudo entrevistou Demi Getschko, conselheiro do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). 
O engenheiro eletricista de 60 anos fez parte das primeiras equipes que implementaram a rede nacional TCP/IP. Relembrando toda a história, tentamos responder à pergunta: Como surgiu a internet no Brasil?
Demi Getschko esteve presente desde o começo da internet brasileira  (Foto: Pedro Zambarda/TechTudo)

Rede USP
Formado como engenheiro eletricista pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI) em 1975, Getschko trabalhou na USP até 1985, quando se tornou pesquisador pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Segundo ele, a linha telefônica foi uma das primeiras a transferir informações em pacotes de dados, ao contrário dos circuitos elétricos lineares. Como, nesta época, o telefone já circulava pelo país, as pesquisas começaram na Universidade de São Paulo (USP) com equipamentos da marca CCE. 
“Criamos vários terminais de computadores que seriam conhecidos como a Rede USP, com pontos dentro e fora da universidade. Usamos até telex e esse foi o começo da conexão remota no Brasil”, diz.
A Rede USP, da maior universidade brasileira, contribuiu para originar a internet (Foto: USP Imagens)
A FAPESP e a primeira conexão brasileira
Sobre o período de transição nos anos 80, o engenheiro confessa que chegou a abandonar a pesquisa de terminais e redes na USP, mas graças a influência de um professor deu continuidade ao projeto. 
“Fui pesquisar um software com linguagem de programação COBOL para controle de auxílios de bolsa de pesquisa. Tinha que cuidar de um datacenter com esse programa tradicional. Na época, eu tinha abandonado a pesquisa de terminais e redes na USP, estava fora da universidade", conta. 
Foi então que o professor de física Oscar Sala o levou até a FAPESP para fazer projetos de informatização, o que trouxe uma preocupação com colegas fora do Brasil. "O pessoal ainda utilizava cartas e telefonemas para saber o funcionamento de aceleradores nucleares em outras universidades”. Não era só a Física da USP que queria um meio de transmissão eletrônico, mas também o curso de Engenharia, a Física da Unicamp, a UNESP e várias entidades de São Paulo. O engenheiro eletricista, junto com o professor Oscar Sala, pensou em desenvolver uma solução central na FAPESP para entregá-la a todas as universidades, sem deixar que cada uma fizesse seu próprio sistema. 
Em 1987, Getschko recrutou profissionais de fora da fundação para formar um time especializado em redes. “O professor Oscar Sala deu a dica de onde poderíamos nos conectar, recomendando o laboratório de física nuclear Fermilab, em uma cidadezinha chamada Batavia, perto de Chicago", conta. Haviam pesquisadores da USP naquele laboratório na época. Foi feito uma linha internacional da FAPESP até o Fermi para ter correio eletrônico. 
Primeira rede internacional
Aquela conexão seria a primeira rede internacional brasileira, embora não estivesse no padrão TCP/IP de hoje. “Cogitamos a Internet, mas havia diferentes padrões, como Bitnet e UCP. Sabendo disso, fui para uma reunião na POLI da USP e descobri que haviam outras pessoas com iniciativas similares as da FAPESP no Brasil. No Rio de Janeiro, as universidades locais estavam tentando uma comunicação com a Universidade de Maryland. O grupo deles foi capitaneado pelo professor Tadao Takahashi e formado por nomes como o Michael Stanton e o Alberto Gomide”, relembra.
Os pesquisadores usaram uma rede tipo Bitnet e enfrentaram problemas na construção da conexão, uma vez que ela não obedecia o padrão americano ISO-OSI predominante, que enfrentava o TCP/IP na época. A Embratel também não estava ciente do que o grupo pretendia fazer entre a fundação e as universidades americanas. VEm 1989, a expansão desordenada da Bitnet causou uma crise, o que ocasionou o crescimento do serviço de conexão TCP/IP, através da instalação de backbones no Brasil. “Viu-se uma necessidade de uma rede que suportasse essa expansão espontânea. A rede era muito mal-arquitetada”, explica Demi Getschko. Foi devido a esse backbone que originou-se à Internet que conhecemos hoje.
Nasce o .br
Atualmente, a entidade do CGI.br é responsável pelo registro de endereços na Internet. Segundo o especialista, a história do domínio ".br" começou na Bitnet, onde os computadores eram identificados com "br" e o nome da máquina. "Era uma denominação para ajudar no funcionamento da própria rede. Depois, na FAPESP, utilizávamos esta terminação para correio eletrônico, emails, até que, em 1989, ela se transformou em um padrão″, explica. 
Depois da Bitnet, o protocolo TCP/IP se popularizou e chegamos na Internet que conhecemos hoje. Além dessas duas redes, os usuários também utilizaram o Bulletin Board System (BBS) nos anos 90. Um dos mais famosos foi o de Aleksandar Mandić. A rede, no entanto, foi perdendo espaço na medida em que as empresas de telecomunicação passaram a negociar conexão TCP/IP de internet com modens. Em 1994, a Embratel padronizou a conexão por telefone, em troca de um email ".br".
O ministro do governo Fernando Henrique Cardoso, na época, Sérgio Motta, recebeu reclamações por optar pela conexão discada. Mas, foi através dela que a Embratel gerou a conexão que temos atualmente. 

Postar um comentário

0 Comentários